Em obras

Minha pacata vidinha transformou-se num caos.
Uma reforma na parte de serviço do cafofo está me levando à loucura.
É um tal de entra eletricista, sai marceneiro, volta o encanador, aparece o cara do granito e o troço não desenvolve.
Os tipos são hilários. Uns falam pelos cotovelos, outros balbuciam coisas ininteligíveis.
E lá vão eles todos me deixando tontinha com tantos detalhes.
O marceneiro é uma figura. Fala mais que o homem da cobra e conta “trocentos” causos ao tempo em que vive me dando cano.
- Tia, ta feia a coisa. Vou ser sincero, amanhã vou falhar com a senhora que tenho uns acabamentos no escritório do Guga.
- Pô, do Guga? Ai Jesus que não é nunca que acaba essa obra. Quem sou eu para concorrer com o Guga?
-Fica fria que lá já está quase acabando.
Menos mal, menos mal.
E dá-lhe mais um dia, mais uma semana e euzinha esperando sentada e presa em casa.
Olho em volta e me vejo acampada, a casa na maior zona e eu a ponto de botar um ovo.
O eletricista é, praticamente, um elefante na loja de cristais. Um fofo, extremamente competente, porém, um caminhão sem breque. Isso sem contar que tem sempre que “ponhar” alguma coisa em algum lugar. É um esforço enorme entender o que ele quer.
O encanador é outra figura. A criatura tem um bloco de carnaval animadíssimo em praia do sul da Ilha. Um misto de profissional dos canos e torneiras com Joaosinho Trinta da comunidade praieira. Dá jeito em tudo. No bloco e na pia.
E, desse jeitinho, fico esperando ora por um, ora por outro, quase indefinidamente.
A obra está ficando uma belezura já a minha cara ganhou um monte de pés-de-galinha que antes não estavam ali.