sexta-feira, 29 de junho de 2007

Conto de Fadas - ou quase.




Era uma vez...
(Tá certo isto é uma fábula)
Vivia a princesa em seu castelo medieval, cercada por uma corte infindável.
(Devia ser um tremendo mafuá)
Mas, em meio a tantas pessoas, não sentia-se parte daquele castelo.
(Tipo rebelde sem causa, saca?)
Não entendia aquela vida e estava sempre a um passo de morrer de tédio.
(Nem um showzinho de rock de vez em quando)
À falta de diversão naqueles domínios nossa princesa ocupava-se em fiar e bordar.
(Tudo feito na maior má vontade, claro)
Sua alma alegrava-se apenas quando podia ir ao bosque.
(Um ar puro de vez em quando não faz mal a ninguém, além de tirar o cheiro de mofo)
Ali encantava-se com as flores, as árvores, os pequenos animais e ficava perdida em devaneios.
(Bem que podia aparecer o Wagner Moura para acabar com aquela monotonia)
O caminho de volta era sempre o mesmo, determinado por preocupação real.
(Tá pensando o que? O reino era cheio de perigos)
Um dia, nossa heroína entediada resolveu atrever-se a mudar o caminho de volta e escolheu uma viela pequena e estreita, lugar muito perigoso.
(Isso aprendeu com aquela outra cabeça de vento, a Chapeuzinho Vermelho né?)
Mas como a curiosidade matou o gato, lá foi ela com o coração aos pulos de ansiedade e medo. O que poderia encontar ali?
(Bobinha, nem te conto)
Já estava bem perto do castelo quando viu, por detrás de um pequeno arbusto, surgir um lindo moço que ela não conhecia das cercanias.
(Ói só que sorte!)
E o tal moço trazia um alaúde pois era um menestrel muito famoso na cidade vizinha.
(Estão notando que a princesa vai se dar bem)
E ele começou então a cantar para ela lindas canções e ela ficou tão encantada que o convidou imediatamente para ir ao castelo.
(Nosso menestrel arranjou um emprego)
Quando o rei ouviu as músicas do menestrel ficou também tão encantado e impressionado que fez com que ele passasse a tocar em todas as festas do palácio.
(Começou a exploração)
A princesa no começo estava achando tudo muito lindo mas, com o tempo, foi ficando de saco cheio pois estava muito interessada no músico e o rei na música.
(Olha o conflito de gerações aí gente!)
Vendo que aquela situação não mudaria mesmo, nossa princesa chamou o menestrel num canto e enfiou de bate-pronto:
- "Como é? Pode ser ou tá difícil?"
- "Só se for agora, princesa"
E os dois pombinhos deram no pé que aquele castelo era uó!
Acho que não sei escrever fábulas. Acabei de esculhambar com uma.

sábado, 16 de junho de 2007

by night


Eu joguei pedra na cruz! Ou comprei os pregos, só pode.
Fomos, as três moçoilas alegres, rumo a balada da agenda. Cedo que era para pegar uma mesa que as madames não estavam dispostas a ficar de pé naquela muvuca.
Pois bem, escolhemos uma bem boa, perto da banda, que já somos chegadas num fuzuê. Acontece que na nossa frente uma criatura que também foi mais cedo, juntou logo três mesas. Já vimos que a turma era grande. Mas não carecia ser tanto. E a cada minuto chegava mais e mais gente para aquela mesa comemorativa.
A minúscula que vos fala sentou-se exatamente na direção da bunda gigantesca de um cidadão que deveria ter o bom senso de deixar a metade daquela mala em casa. Pois a criatura dançava praticamente no mármore da nossa mesa. A esta altura duas amigas juntaram-se a nossa pequena troupe. Era necessária uma ação rápida para aquela bunda tomar consciência do seu tamanho. Pois mulher é um bicho muito sacana. Exatamente onde aquela protuberância teimava em rebolar fez-se uma armadilha na forma de mistura de azeite de oliva, molho de pimenta e coca-cola. Pelo menos aquele infeliz teria o desprazer de ver seus fundilhos devidamente carimbados.
No meio desse trelelê uma ida ao toilette era de bom tom e daria um refresco naquele clima de oriente médio que estava se desenhando ali. Ah, que ilusão. Encontro rápido com amiga de velhos tempos. Pobrezinha, tinha acabado de descobrir uma traição muito sem-vergoha de um marido mais sem-vergonha ainda que foi flagrado com ninfeta com idade para ser sua neta. Dá para imaginar o estado de espírito da colega.
Claro que não faltou solidariedade. Até uma que estava só passando um batonzinho juntou-se aos comentários dando a maior força. Coisa dessa mulherada tarimbada nesses assuntos.
- "Calma querida, no começo é esse desespero mas depois passa".
- "Liga não, pensa que o miserável é sério candidato ao Oscar de efeitos especias na testa".
- "Claro, imagina que estás livre daquele purgante, cheio de manias, ranzinza e mal humorado".
E por aí seguiu-se um consultório sentimental naquele sacrossanto recinto onde as mulheres vão até para fazer xixi.
Eu já estava achando que eram muitas emoções para uma noite só. Mas ainda vinha mais coisa.
Voltei ao meu lugar, ali quietinha, e aquela bunda surreal continuava lá, impávida. Agora já muito mais à vontade. Praticamente sentou-se no meu ombro. Euzinha ali tentando manter um mínimo de dignidade, mas estava difícil. Até que chegou mais um amigo que conseguia ser ainda mais espaçoso que o bundudo. Bom, como sou moça fina, não ia cair do salto assim sem mais nem menos. Só me virei e encarei aqueles selvagens com a minha arma de guerra que consiste em apenas um olhar com a sobrancelha esquerda erguida na altura do Monte Everest e um afastamento da cadeira exigindo mais espaço. Digamos, um petit piti. Fulminante.
Enfim uma trégua. Só que como sabemos, dois corpos não ocupam o mesmo espaço. É uma lei da física que foi sendo testada noite adentro. Pois, se saíram do meu lado, foram para cima, literalmente, da amiga da cadeira ao lado.
Além do derrière monumental, os cotovelos também auxiliavam no embate. Sim, porque aqueles volumes eram dinâmicos pois dançavam. E tome bundada e cotovelada. Aí o caldo engrossou de vez. A moça em questão partiu pra porrada. E foi um bate-boca digno de feira livre, não sendo descartada a hipótese de uma garrafada nos cornos do folgado. E isso tudo que a noitada em si estava desanimada.
Na saída avisei à gerente da casa que não deixasse de cobrar couvert dobrado daquele monstro que aquela bunda ocupava espaço de mais de uma pessoa.
Nem esperamos acabar. Pagamos nossa conta e saímos dali rapidinho antes que a refrega acabasse na polícia.
Outra dessas não me pega nem por decreto.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Navegando na Rede


Esta histórinha nem é tão nova, mas como dei muita gargalhada com a narração, faço questão de contar.
Pois tenho uma amiga muito animada que adora estar conectada e faz do seu computador uma verdadeira ONU de contatos.
De quando em vez conhece alguém especial, de perto ou de longe e não se furta em tentar um contato mais imediato de terceiro grau. Claro que muitas vezes toma uns tombos. O último foi fenomenal. Encontrou uma pessoa legal, nível universitário, idade compatível, morando em cidade próxima.
Belo dia, nossa princesa "internáutica" estava posta em sossego quando bate o telefone com a tal criatura do outro lado da linha.
- "Olha, estou passando pela ponte, quero te ver. Como fazemos? Posso ir te buscar?"
Princesinha descolada:
- "Não há necessidade disso. Te encontro no bar tal. É muito charmoso e bem frequentado. Ok?"
Ok. Toca em frente.
Já na chegada ao local viu uma figura muito mais velha do que podia supor, vestindo calça de tergal "saint-tropeito", camisa riscadinha abotoada até o pescoço,cinto e sapatinho combinando (ai Jesus) e arrematando o pacote um par de óculos escuros, plenas nove da noite. A boca meio murcha denunciava uma provável dentadura. Não foi possível confirmar. Ela não deu chance nem tempo. Diga-se que nossa simpática amiga é figurinha carimbada no barzinho escolhido. Ela ali louca para se mandar pois a figura não emanava nenhum resquício do "élan" necessário para um bom começo de conversa. A princesinha comeu, bebeu uma água tônica básica, e nem se aventurou em nenhum líquido com qualquer teor alcoólico. Vai que se anima...
Cumpridas as formalidades da boa educação, despediu-se pois precisava acordar cedo. O "moço", muito decepcionado, havia trazido um lindo presente para nossa heroína cabeça-de-vento que teve que aceitar morrendo de vergonha. E, daquele mato não saiu coelho de jeito nenhum.
Ah! Os óculos escuros escondiam duas vistosas cicatrizes, provavelmente resultado de uma plástica recentíssima.E o tão bem intencionado cidadão voltou para sua cidade sem lograr êxito na empreitada.
Essa internet proporciona grandes chances de uma pessoa se esborrachar, né não?

quinta-feira, 7 de junho de 2007

O Aeroporto



Tenho uma turma totalmente 10!
10trambelhadas, 10governadas, 10orientadas, todas. Pagar mico é com essa mulherada. Chegamos num patamar da vida que agora vale (quase) tudo. Então, não tem essa de: "que vergonha", "que mico", coisa que minhas amadas filhotas vivem repetindo no auge da juventude onde viver é muito complicado.
Já estamos naquela que agora tudo que vier é lucro.
Pois fizemos uma viagem ao Rio de Janeiro. Só não sei como sobrevivemos.
Quero contar as chegadas à Cidade Maravilhosa. Sim, no plural porque foram várias. Oropa, França e Bahia em reunião de uma ONU da farra e da palhaçada.
O Aeroporto Tom Jobim jamais será o mesmo.A cada aterrisagem um carnaval, cada dia com mais gente. Eu, se fosse autoridade, tinha até levado aquele bando todo em cana.
Tiarinha pisca-pisca, anel brilhando, boá de plumas que entravam em narinas agoniadas, óculos de todos os tipos e formatos além de uma freira para completar a fuzarca. Essa freira deu o que falar. De unhas vermelhas, pitando um cigarrinho e sandália de plataforma. Uma pobre desavisada chegou a perguntar se era mesmo uma freira. A "colega" ao lado já respondeu prontamente que sim mas que fora do convento a "freira" adorava um ar de civilidade. Pobrezinha não entendeu foi nada, a moça. Sem contar que na última recepção a "freira" apresentou um strip-tease improvisado, pleno saguão lotado, jogando aquele hábito pra tudo que é lado. Palmas frenéticas dos frequentadores e uma arruaça digna de um baile de carnaval dos mais animados.
Não é por nada não, mas a crise aérea piorou muito depois disso.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

VÓ LIA

Um brinde à nova vovó! Tim, tim Lia

terça-feira, 5 de junho de 2007

Epopéia de um joelho


Começou há tempos a incomodar. Rangia, doía, rosnava e me impedia os mais simples movimentos. Abandonei passos mais elaborados e vigorosos de rock, já não estava dando para tanto. Subir, degrau por degrau uma reles escada, fazia-se difícil e doloroso.
Mas, como assim? Tão festeira, tão animada, tão esfuziante ficar travada desse jeito.
Sim, um simples e inexpressivo joelho estava tirando meu sono, meu humor e minha animação.
Cirurgia à vista. Tudo bem explicadinho, todos os cuidados e recomendações para a recuperação do "infeliz".
- Como assim doutor, muletas por vinte dias? Nem pensar! Quarenta sessões de fisioterapia? O senhor não me conhece. Tenho trocentas coisas pra fazer e não posso ficar por aí pulando perneta tal um saci desgovernado.
Quem dera! Fiz mesmo tudo isso e mais um pouco.
O tempo passou e o meu joelhinho tão judiado não deu tréguas. A dor continuava lá, firme e forte como se nada houvesse acontecido para dar cabo àquela aflição.
Novo exame, novo médico e a sentença: é caso de nova cirurgia.
Ah! Nem pensar. Nem a pau, Juvenal.
Uma consulta a outro especialista já na expectativa que todas as velas, orações e promessas surtissem um outro efeito. Como Deus é Pai e não padrasto, cá estou imbuída do maior espírito de disciplina, numa fisioterapia caseira desta vez e me entupindo de pílulas para combater uma inflamação no tendão, causa da dor que não quer calar.
Agora eu pergunto, alguém merece isso?
Logo eu, tão saltitante por aí claudicando. Não fica nem bem.
É bem verdade que a minha "milenar" indisciplina deu uma bela força para que o pobre ficasse neste estado de esculhambite generalizada.
Depois da tal cirurgia fiz tudo que não devia e não podia. Era para me poupar. Nao deu.
Andei o que não podia, dancei o que não devia, joguei meu metro e meio em cima de saltos de alturas proibitivas, enfim vivi.
A esta altura do campeonato não dá para ficar numa imobilidade irritante.
Quero mais é viver e aproveitar para ser feliz.
Não é pedir muito. É?