sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Meu amigo beija-flor


Ele é um lorde. Sempre foi.
O conheço há décadas, delicado no trato, bem humorado e bon-vivant.
Pois temos nos encontrado muito nas noites de quinta-feira, no champanhe do bar e nas conversas sempre recheadas de novidades.
É praticamente onipresente. Nunca vi ninguém com uma agenda tão repleta.
Parece mesmo um beija-flor, pulando daqui pra lá e de lá pra cá o tempo inteiro.
Chega apressado de uma reunião, senta, sai e vai para um jantar, depois volta mais um pouco e assim corre a semana.
Participa de trocentas associações que englobam da turma de inglês do filho (vai ao encerramento, fotografa, filma e relata) ao jantar do grupo de moto. Do lançamento de um livro de alguém ao churrasco do "Fome Zero". Faz parte do Conselho de todos os condomínios dos seus inúmeros imóveis espalhados por todo o canto. E tome jantar, coquetel, reunião, assembléia. Está em todas!
Hoje me contou uma que de tão inacreditável sentenciei que seria o encerramento do ano. Até 31 de dezembro ele não tem direito a mais nenhuma.
Pois a criatura não organizou a agenda para amanhã cedo prestar homenagens a um almitante falecido?
Vou contar.
Morreu um almirante não sei de onde (nem ele) que foi devidamente cremado e amanhã terá suas cinzas jogadas ao mar. O féretro (ou "méritro"????? helpppppp) acontecerá com pompa e circunstância, a bordo de um navio (ele já sabe tudo do navio, do almirante, nada!), que sai cedinho do Porto de Itajaí.
E esta criatura vai se atirar daqui até lá, embarcar no tal navio sem conhecer sequer um familiar do falecido só para saber como é esse negócio de "jogar as cinzas ao mar". Imagina ele que deva ser como nos filmes. Queria saber até o traje adequado e se seria de bom tom levar uma flor a ser atirada junto com as cinzas do pranteado militar. Pode?
Isso que após a cerimônia será servido um almoço a bordo e a nossa figurinha carimbada está animadíssima.
Disse ele que vai fotografar e relatar tudo com detalhes.
Estou só esperando.
Fala a verdade, eu só tenho amigo doido, é ou não é?

domingo, 11 de novembro de 2007

Colégio Coração de Jesus






Poxa vida, esse assunto está entalado na goela há tempos.
Meu (ex)colégio tem 109 anos e foi assassinado assim, sem mais nem menos.
As irmãs Benvenuta, Gonzaga e Evódia reviram-se no túmulo, certamente.
Não vou entrar no mérito administrativo da instituição. Só quero o direito de espernear.
Na minha família já estávamos na quarta geração de alunos.
Minha mãe e suas irmãs vieram de Lages no final dos anos 20 para aprimorarem seus estudos na capital. Era o "colégio das freiras", apropriado para as moças de boa familia daqueles anos. E assim, suas primas e muitas moçoilas bem nascidas de então.
Casaram e tiveram filhos que seguiram os mesmos canones.
Depois foi a nossa vez de encaminhar nossos próprios filhos. E nossos filhos fazendo o mesmo com os seus.
Como já anunciei, não entro no mérito gerencial, entro no emocional mesmo.
É muita falta de consideração e sensibilidade da atual direção.
Que se alterem as regras administrativas mas, gostaria muito de saber se havia a real necessidade de mudar o nome do colégio, seu uniforme, suas cores tradicionais. Que vantagem tem isso, meu bom Jesus?
Bom, cheguei ao ponto - TRADIÇÃO.
Acho que atualmente ninguém está interessado nisso, né mesmo?
Soube que algum movimento foi feito, inclusive na Câmara de Veradores.
Pelo que está aí, nossos nobres edis devem ter muito mais o que fazer. Projetos muito mais mirabolantes a aprovar do que se meter numa bobagem dessas.
São só 109 anos jogados no ralo. O que é que tem demais não é mesmo?
Pode não ter para um monte de gente. Para mim tem sim.
Tive o prazer de formar uma das filhas no Coração de Jesus. A outra saiu junto com a mudança.
Os incomodados que se mudem. Não é esta a ordem geral?
E é por essas e por outras que a minha cidade anda tão descaracterizada.

domingo, 4 de novembro de 2007

Fenaostra - Eu fui!


Encerrando as festas de outubro no Estado de Santa Catarina, lá fomos nós para a FENAOSTRA.
Pois então, a companheira pau-pra-toda-obra tinha um aniversário antes e, fiquei esperando a "carruagem" para adentrar à festa.
Já fomos tarde que o rega-bofes prolongou-se mais que o previsto.
O show da noite já ia num andamento animado e o povo comendo e bebendo como se o mundo fosse acabar amanhã.
Trocentos restaurantes servindo ostras de maneiras tão inusitadas que até Deus duvidava de tantas possibilidades. Vi até tapioca de ostra.
E o povo continuava animado.
Para não perder muito da festa que a hora já ia longe, fomos dar uma verificada no artesanato.
Muito legal. Tinha de um tudo, num bric-a-brac de fazer inveja à Feira de Caruaru e assemelhados.
A certa altura da visita aconteceu um vuco-vuco qualquer e Bea ficou no maior estresse.
- "Vamos sair daqui. Isso é uma briga!"
- "Que nada, Bea, deve ser alguma performance, estão batendo palmas".
Putz, logo apareceu a polícia e enquadrou o cidadão, que boa coisa não deve ter feito.
Dei-me conta que estava sem cigarros. Para quem tem o hábito já imagina o sufoco àquela hora tardia. Uma única banquinha os vendia.
Credo, a única marca, desconhecida era a possibilidade. Ou aquele ou nenhum. Pois é, foi aquele mesmo.
Finalmente voltamos ao show e resolvemos molhar a palavra que já estávamos rodando a esmo por ali há tempo demais.
Escolhemos um cubinha maneiro para sentar e curtir.
Ô meu Pai! O dito cujo era de cachaça. Eu odeio cachaça. Ficou um troço intragável.
Pegamos mais uma pepsi (não tinha coca) para diluir um pouco mais aquela água que passarinho não bebe mais venenosa que leite de caixinha.
Acabado o show , recolhemos os panos de bunda e levantamos acampamento que já estava de bom tamanho.
A propósito, a festa era da ostra e não comemos nenhuma.
Tô ficando craque em contrariar essas festas de outubro.