terça-feira, 31 de agosto de 2010

O Professor de Latim

Desterro, 31 de agosto de 2010


Aproveitando a "deixa", falando de latim, vai aí o que escrevi há tempos sobre o meu professor dos idos ginasiais.



Era sério. Sério e bravo.

Meninada de 12, 13 anos ia querer o quê com aula de latim? Um suplício.

Perguntava-me atônita onde iria usar uma língua morta e enterrada nos confins da antiguidade. Pois já se mostrou muito útil, se querem saber.

Falava do Professor, que aos nossos olhos adolescentes já deveria ser um senhor entrado nos anos. Pois não era. Já se vão décadas e ele ainda anda por aí. Encontrei-o outro dia, já curvado e alquebrado pelo tempo e por uma carrocinha de papelão, que lhe atravessou à frente, atropelando-o nas lides da cidade enlouquecida.

Ficávamos de pé a sua entrada na sala de aula e à medida que ia comandando: "senta o cantinho", lá se sentava toda a fila do canto. E assim, fila a fila, sentavam-se todos e iniciava o martírio.

Dia de prova era um alvoroço. Colar em prova dele seria algo inimaginável, tão bravo que era. Mas como mulher desde cedo aprende a usar de artimanhas que a natureza e e a ousadia lhe oferecem, era só colar a matéria na bainha da saia do uniforme e discorrer sobre a matéria muito sabidamente. Num colégio só de meninas, que professor teria a audácia de mandar alguém levantar a saia? E aos trancos e barrancos, um pouco estudando, outro pouco colando mesmo, passamos para a quarta série do ginásio.

No ano seguinte, para surpresa geral, o Professor não só nos ensinaria a continuação do latinório como também todos os substantivos, verbos e adjetivos acompanhados das análises sintáticas da vida nos dando aulas de português.

E aquele "senta o cantinho" perpetuou-se por mais um ano inteiro, sendo que agora em dose dupla.

O que vem contrariar a teoria que o raio não cai duas vezes no mesmo lugar.

Cai sim!

Revisão de texto: Ana Beatriz

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Twittando

Desterro, 25 de agosto de 2010


Ultimamente, tenho ficado muito em casa- contrariando totalmente a minha natureza livre, leve e solta. Estou aqui como um passarinho preso na gaiola, doidinha para voar.
Ô meu Pai!!!!!
Com esta sobra de tempo e fuçando na internet, acabei me "metendo" no tal twitter.
A duríssimas penas consegui entender o "mecanismo de funcionamento" da nova -para mim- rede de relacionamentos.
Bea, com um quente e dois fervendo, abriu a conta para a mamãe e mandou-se para uma festa.
Fiquei aqui, sentada em frente ao pc com cara de paisagem. Cadê que eu conseguia dar andamento no negócio? Era tudo em inglês, língua da qual não extraio nem um "yes". Fazer o quê, se na minha época escolar aprendia-se francês e latim? Eu poderia ter estudado à parte, mas não estudei. Ponto.
Dando seguimento...
Iza chegou e viu minha cara de sofrida. Sentou-se aqui e explicou mais ou menos do que se tratava.
Já estava tomando pé da situação quando vi que tinha a possibilidade de mudar o idioma. É claro que não tem português. Mas tem francês. Eu não disse que tive aulas no colégio? Pois então!
Salva a minha pátria pois comecei a entender tudinho, fui à cata de povo interessante para seguir.
A-do-rei!
Ando me divertindo a valer com o fuzuê.
Sei todas as fofocas, babados e notícias em tempo real. Esse povo não faz outra coisa na vida que não seja "twittar".
É uma comunicação instantânea que "conta pra todo mundo" o que está rolando nesta nave louca. Em 140 caracteres dá para resumir a Bíblia!
Depois de conseguir "adentrar ao gramado", ainda sabe-se Deus como, dei instruções à distância para que Lia, lá em Nikity, aderisse a esta nova diversão.

Eu sou mesmo muito "metida"!

Revisão de texto - Ana Beatriz