quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Y-Jurerê Mirim

Desterro, 03 de fevereiro de 2011


Minha Mangueira querida que me perdoe mas, este ano, sou Grande Rio desde criancinha.
Minha Ilha querida vai arrebentar na Sapucaí.
Y-Jurerê Mirim na veia!



Enredo


"Em entrevista ao site, o carnavalesco Cahê Rodrigues, que fará seu terceiro carnaval pela Grande Rio, nos contou como está sendo o preparo da escola para o carnaval de 2011.
Ele nos informou as expectativas e os desafios que encontrou para desenvolver o enredo - Y Jurerê mirim, a encantadora ilha das bruxas (um conto de Cascaes) – que relata as lendas, mitos e magias sobre Florianópolis contadas por Franklin Cascaes.
Cahê mostrou-se muito otimista e confiante no título inédito da Grande Rio, que desfila este ano com 4 mil componentes, 7 alegorias, sendo 4 elementos alegóricos divididos em 33 alas. A escola traz na comissão de frente, 15 componentes que trazem um elemento surpresa inspirado nos contos lúdicos da ilha de Florianópolis.
O público pode esperar alguma surpresa da Grande Rio este ano? 
"O público pode esperar várias surpresas, começamos com a comissão de frente que traz um elemento surpresa muito interessante inspirado nas lendas bruxóricas da ilha. O primeiro setor é recheado de imagens interessantes, seguido do abre-alas que é um carro que promete um impacto visual muito grande. Nós nos preocupamos em presentear os jurados e o público com uma surpresa em cada setor que vai surpreender até o final do desfile." 
Qual foi seu maior desafio no enredo sobre a cidade de Florianópolis?
"Apesar do enredo não ter sido sugerido por mim, foi uma proposta que apresentaram a escola, e eu embarquei na idéia, fui pra floripa, fiquei umas 3 semanas lá pesquisando, recolhendo material, depois eu sentei com a minha equipe de criação, nós discutimos muito até chegar no caminho certo pro carnaval. A grande rio saiu de um vice-campeonato, a gente precisava de um grande enredo pra disputar o título, e a principio assustou a questão de falar de Florianópolis, uma cidade, então o desafio foi sair de um lugar comum, e a gente conseguiu através de Franklin Cascaes, um grande artista da ilha, através de seus contos e lendas envolvendo bruxas e outros seguimentos da ilha, isso possibilitou que a gente pudesse construir um enredo fantasioso, lúdico, recheado de curiosidades, acho que isso que despertou interesse nas pessoas, quando elas começam a ler a sinopse, só lá no final vão descobrir que essa ilha encantadora e mística é Florianópolis" 


GRANDE RIO - 2011


Enredo: Y-Jurerê Mirim - A Encantadora Ilha das Bruxas (Um conto de Cascaes)
Autores: Edispuma, Licinho Jr. Marcelinho Santos e Foca


Yjurerê mirim... 
Meu paraíso... que maravilha!
Foi Deus quem fez assim 
Com todo encanto... essa magia
Entre contos e lendas
Quanta imaginação
Celebrando a natureza
Rituais de gratidão
Eu também sou carijó
E bendito o meu lugar
Rezei forte... nesse chão
Sai pra lá assombração
Já peguei meu patuá


Caldeirão vai ferver
A Grande Rio chegou
Vem trazer pra você (bis)
Uma porção de amor
É a receita que a bruxinha ensinou


O Folclore é tradição
Valorizando a cultura popular
O canto... a dança
O sagrado e o profano
Minha Ilha encantada
Vivo te admirando
Beleza... riqueza 
Repousando sobre o mar
Santuário pra sonhar


Meu Rio te abraça... Floripa tão bela
A tua história virou carnaval (bis)
Essa ponte é a luz da passarela
É obra-prima esse cartão postal

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Meu amado tio Ju

DESTERRO,TERÇA-FEIRA, 1 DE FEVEREIRO DE 2011





Tomo a liberdade de reproduzir aqui no meu cantinho a linda homenagem de um filho ao seu pai.
Meu querido tio "Ju" teria feito 99 anos, dois anos mais velho do que  minha mãe.
Infelizmente o Senhor o chamou muito cedo. No auge de sua capacidade intelectual, de sua pena brilhante e de sua inteligência muito acima do restante das gentes pensantes,Deus achou que era "muita areia para o caminhãozinho" do povo cá de baixo e o quis mais próximo de Si.
Uma lástima que as novas gerações não o tenham conhecido. 
Já sugeri aos meus queridos primos uma publicação para que não se deixe perdido nos porões de algum depósito um tesouro tão precioso que são as suas crônicas na coluna "Frechando" do extinto jornal "O Estado".
Fico inconformada que a cidade o tenha homenageado dando-lhe o nome da principal avenida - "Jornalista Rubens de Arruda Ramos" e esta seja conhecida pelo reles apelido de beira-mar.
Convenhamos, beira-mar pode ser qualquer pedaço de mato, qualquer buraco de areia que fique na frente do mar.
Coisinha difícil por aqui...A Ilha é inteira "beira-mar".
Tenho tantas lembranças deste tio querido...
Apesar de ser uma adolescente quando de sua morte, tive desde muito pequena uma convivência bem regular com ele.
Ora na casa dele no Largo Treze de Maio e depois na Agronômica,ora na minha própria casa, ora na casa de minha vó,aos domingos nos lanches da tarde recheados de política (assunto predileto de todos).
Presenciei, muitas vezes os papos do que publicariam em suas respectivas  colunas da semana os dois irmãos jornalistas.
Um na sua "Frechando" de "O Estado" e o outro (Jaime de Arruda Ramos) na sua "Tim tim por tim tim" de "A Gazeta".
Aqui uma particularidade, ambos eram jornalistas e militantes políticos.
Só que cada um "militava" num partido.
Tio Ju era PSD e tio Jaime era UDN. Portanto, as conversas domingueiras entre os dois mereciam uma minissérie.
Qualquer dia escrevo sobre eles com a ajuda das memórias da minha mãe. Ela tem histórias fantásticas dos irmãos.

Sérgio querido, falta marketing






    







27 de janeiro de 2011 | N° 9063
SÉRGIO DA COSTA RAMOS | Sérgio da Costa Ramos


Lageano do litoral


Passou nesse 15 de janeiro o 46º ano da morte do jornalista Rubens de Arruda Ramos, nascido no dia 3 do mesmo mês, em 1912. Vivo, teria 99 anos. Era o segundo de dez irmãos sete mulheres e três homens, um lageano do litoral.


“Ju”, como era saudado pelos amigos, era um homem simples, despojado, um “índio” de Lages que tanto manejava a faca para talhar uma costela como para eviscerar um peixe.


Tinha uma grande cultura, jurídica e literária, cultivando os clássicos portugueses e franceses. Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco, Ramalho Ortigão. Victor Hugo e Edmond Rostand, cujo Cyrano de Bergerac sabia de cor.


Declamava, divertido, o verso em que o espadachim narigudo espicaçava seu detrator, respondendo a um ataque direto do Conde Valvert:


– Palhaço, insolente, estúpido, grosso!


E Cyrano, como se o outro houvesse se apresentado:


– E eu, Cyrano Saviniano, Barão de Bergerac!


Como Cyrano, usava sua coluna de jornal como uma arma irônica. Amava igualmente a Ilha de Santa Catarina e a sua Lages natal. E por elas era correspondido. Está ligado à Ilha de uma maneira intensa e apaixonada. Quando, mesmo depois da ponte Hercílio Luz, políticos desejaram transferir a capital para Curitibanos, ou mesmo para a sua Lages, foi visceralmente contra. Defendeu em sua coluna a consolidação da Ilha como a única e insubstituível capital dos catarinenses, com cuja história ele hoje se confunde.


Em 1935, jovem estudante de Direito, liderou, aos 23 anos, com seus colegas da primeira Faculdade de SC – a Alfaiataria do Didico, instalada num sobrado da Felipe Schmidt – o “levante” para a modernização do transporte coletivo, que na Capital ainda se valia dos vagões puxados a tração animal, o “bonde a burro”.


Em 1912, Porto Alegre já exibia os seus bondes elétricos, enquanto Floripa, em plena década dos revolucionários anos 1930, ainda cultivava aquela velharia pouco asseada. Os estudantes resolveram “afogar” aquela vergonha. Jogaram os bondes n’água, ao lado do Miramar. Sem os arreios, os burros trotaram pelo resto do dia, pavlovianamente, aliviados dos vagões, pela habitual trilha Centro-Agronômica. Até que uma alma caridosa do povo lhes oferecesse alfafa e os recolhesse ao campo: afinal, os burros eram os menos culpados pelo atraso...


Em vida, Rubens doou 5 mil volumes para a Biblioteca Barreiros Filho, do emérito professor de Português, de quem era muito amigo e com quem cultivava a primeira estrofe dos Lusíadas: – “Última flor do Lácio, inculta e bela/ És, a um tempo, esplendor e sepultura”...


Viveu como morreu, em harmonia com os amigos – e até com os inimigos. Secretário-geral do PSD, nunca aceitou um cargo público. Preferiu fazer carreira jurídica no Banco do Brasil, onde entrou por concurso. Exercia a política pelo jornalismo partidário dos tempos “românticos”, assinando a famosa coluna “Frechando” com a efígie do arqueiro Guilherme Tell, “Tal” no pseudônimo. Texto lido urbi et orbi por pessedistas e udenistas.


Era homem sempre cordial com adversários civilizados como o ex-governador Jorge Lacerda, a quem fez “leal oposição”. Nos anos 1920, no Colégio Catarinense, Lacerda dera lições de boa democracia, respondendo sobre a origem grega das palavras “demos”, povo, e “kratos”, governo. Em 1937, quando o PRP de Plínio Salgado e Lacerda flertou com o fascismo, Rubens postou telegrama a Jorge: “Demos e Kratos mandam lembranças...”


À beira de seu túmulo, discursaram os líderes da governo, Armando Calil, e da oposição, Fernando Viegas:


- De Bem com o Bem e de Mal com o Mal – é o resumo da tua vida, Rubens... – discursou Calil.


E é esta a inscrição que hoje preside o seu busto na Avenida Beira-Mar, que leva o seu nome.


O nome de um lageano à beira do campo azul, coxilha marítima que ele amou como amava os campos de Lages.